terça-feira, 17 de junho de 2014

Moldura

Se eu pudesse emoldurar o silêncio
Como fez Oswald em "Atelier"
Eu o faria
Para dizer muitas coisas...

Que diria ao tempo?
Que já não há tempo a perder?
Que o tempo passa,
E que passamos com ele?
Que viver é andar de mãos dadas com a morte?

Que já não há tempo a perder?
Antes que seja tarde...
Antes que nos percamos
Na "Cinza das Horas"?

Se eu pudesse emoldurar o silêncio
E parar o tempo
Para olhá-lo... e mergulhar
No seu olhar... denso, pensante...
Permanente...

Mergulharia, transbordante
No azul sem fim, e buscaria
A borda da moldura para enfim
Observar o horizonte enquadrado marfim...
E seria...

Fim?

Outras Sementes

Fechada e só
Embrulhada em si, ela põe as garras para fora
E rasgando o invólucro ganha o ar e banha-se
Ao sol...

Nasce, renasce, germina à luz
Sente a brisa leve, a chuva
Vem a noite e lhe sorri um céu estrelado
Enchendo-a de sonhos...

As horas levam os dias
Chegando a hora exata
Arrancam-lhe pela raiz...

Chegou outra estação

Sementes

 
 
O amor é uma semente
Que pode ser uma serpente
Que pode gerar um repente
Muito de repente...
 
Um ser que mente ou aumente
Ou simplesmente sente...
Perfeitamente
Loucamente
Imensamente
Presente
Ausente
Preteritamente
Imperfeitamente
 
Delirante(mente)
Ainda nascente...
Germina a semente...
Poeticamente

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Paixão


Vejo a vida por uma janela
Ou como quem passa por uma vitrine
Atrevida e só
Distante de mim e de tudo o que é meu
Colho meus sonhos plantados por descuido
Na sublime dança da vida...
Tem dias que me reconheço
Em outros me esqueço
Melancolia, não sei bem porquê...
Deve ser pelo gosto amargo
Que deixa na boca
A doce ilusão dos teus lábios
O doce sabor do teu corpo
O suave calor dos teus abraços
A amarga presença da tua ausência...

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O teu silêncio é como
Um mergulho profundo
Que me pressiona os ouvidos
Que me deixa à deriva
Num momento qualquer
Num ponto qualquer do firmamento
... E eu entre as estrelas do mar;
Sem ti, navego...

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domingo, 8 de junho de 2014